Esperei até aqui para fazer esta analise para que pudesse perceber bem quais as ideias de Jesus após as saídas inesperadas de Javi e Witsel. Aquilo que à partida parecia o plantel mais equilibrado do Benfica nos últimos anos foi, nos derradeiros dias de mercado, abalado com a saída de duas pedras fundamentais do seu meio campo. Na baliza Artur é sem duvida a titular tendo na sua sombra Paulo Lopes, Júlio César e Mika sendo que nenhum ameaça realmente a titularidade do brasileiro. Na defesa a primeira linha está escolhida: Luisão (que cumpre um castigo de dois meses depois do encosto a um arbitro alemão) e Garay no centro, Maxi na direita e Melgarejo à esquerda. Já aqui falei sobre a adaptação de Melgarejo a lateral-esquerdo e estou cada vez mais rendido ao potencial deste jovem. Aos 22 anos com apenas dois meses de treino na posição apresenta já recursos defensivos e uma cultura táctica prometedora. A época passada deu nas vistas no Paços de Ferreira como avançado e extremo e esta época numa posição completamente diferente continua a cumprir, os poucos e naturais erros que tem mostrado são falhas na abordagem e dificuldade em jogar feio quando necessário e não erros de posição. A meio campo é onde Jesus vai ter mais dificuldade em criar a dinâmica que vinha trabalhando na pré-época. Sem Javi o lugar de trinco é de Matic, na extrema direita aparece com lugar cativo Salvio a duvida está ao centro. Se Jesus optar pelo losango, Aimar parece ser a opção mais natural para os primeiros 60' de jogo, se quiser jogar com um "8" Carlos Martins e agora também Enzo Perez aparecem como boas possibilidades de adaptação ao lugar, mas aqui perde um homem na frente e joga apenas com um avançado. Na esquerda mantém-se a rotatividade Gaitan/Nolito/Bruno César se bem que para mim Gaitan parta em vantagem desde que esteja com vontade de jogar, o que por vezes parece não acontecer. Na frente há três caras para dois ou por vezes um lugar: Cardozo, Rodrigo e Lima.
Qualquer um destes jogadores tem as suas características, Cardozo é o que já sabemos, jeito trapalhão, estilo aparentemente mole mas sinónimo de golos... e muitos por época.
Rodrigo é velocidade, irreverência e potência, nem sempre com discernimento.
Lima é um pouco a mistura dos anteriores, forte na movimentação dentro de área, potência de remate e também procura a bola fora da área quando necessário.
O Benfica parte assim como forte candidato ao titulo. Tem um bom onze mas perdeu realmente dois jogadores fundamentais, para Javi existe Matic e depois os jovens da equipa B, mas para Witsel não vejo substituto. Não existe um box-to-box no plantel. A meu ver o melhor para o Benfica seria uma aposta naquilo que foi a filosofia da primeira época de Jesus. Bola longe da área não é risco para a defesa. Ou seja incursões rápidas para a frente, pressão alta mal haja perda de bola e a equipa a jogar em bloco numa zona adiantada do terreno. O banco do SLB é também rico em qualidade e quantidade. Jardel é o preferido a substituir qualquer um dos centrais titulares, Carlos Martins e Bruno César para o meio campo, caso Aimar seja o titular, nas alas se as opções forem Sálvio/Gaitan ficam de fora Nolito, Ola John, Bruno César e Enzo Perez sendo que os dois últimos tal como Gaitan podem ser opção para o meio, por último no ataque penso que vai haver alguma rotação embora Cardozo saia na pole position pela eficácia demonstrada ao longo dos anos. O estilo não encanta mas os resultados falam por si. Veremos se Jesus consegue este ano que a equipa jogue com regularidade até ao final do campeonato e não morra na praia em meados de Fevereiro/Março.
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